terça-feira, 31 de maio de 2016

Mãe Jovina
Por: Abdias Gomes da Silva
  


História de: Jovina Nogueira
Autora: 
Abdias Gomes da Silva
Publicado em: 31/05/2016

Jovina Nogueira – Mãe Jovina veio para Ruy Barbosa em 1937, estava em Salvador com meu velho pai em tratamento médico, hospedado na Sertaneja na Rua Saldanha da Gama, nº 39. Quando um dia ás 7:00 hs da manhã, entra um carregador com uns baús trazendo Jovina que havia chegado no vapor de Canavieiras, precedente de Aracuaí, cidade mineira sua terra natal.
   Veio a Salvador a procura de um emprego em um hospital com objetivos de trabalhar como enfermeira, pois era a sua vocação (cuidar de doentes). Dizia ela: Deixei a minha pátria, pois meus pais odiavam a profissão que eu queria seguir e isso foi o que me trouxe a Salvador.
   A partir do dia seguinte, ela começou a andar a procura de um emprego, mas era sempre enganada “venha amanhã” Jovina perdeu a esperança de trabalhar como enfermeira e não teve mais condição de andar. A dona da pensão a expulsou de lá afirmando que não tinha condições de mantê-la. Jovina começou a chorar e aquela cena me comoveu, levantei-me e disse: - Assumo a responsabilidade de toda despesa desta pobre criatura. Ela não venderá nada dos seus pertences até que eu vá a Ruy Barbosa.
   Peguei o vapor para Cachoeira. Na manhã, pegamos o trem em São Félix até a estação em Itaíba. Pegamos a Marinete para Ruy Barbosa, cujo carro era de propriedade do Sr. Alfredo Hayne, era o único tipo de transporte que existia naquela época.
   Em 28 de janeiro de 1938, cheguei em Ruy Barbosa trazendo-a comigo. Entreguei-a as meus compadres João Batista e Saló, um casal que se dedicava a fazer milagres com especialidade ás pessoas humildes que necessitavam de amparo.
   No dia seguinte a mesma foi à procura de uma casinha para alugar. Dei para ela, na época, trinta mil réis. Com isto ela continuou na sua vocação, mas sempre perseguida por alguns médicos daquela época. Havia os seguintes médicos: Dr. Aminthas Brito, Dr. Álvaro, Dr. Paiva e Dr. Mendonça, os dois últimos eram quem mais a perseguia. Porém ela, mesmo com a perseguição, atendendo não só na cidade como também em todo município. Não olhava a distância, atendia a todos que a procurava.  A pé ou a cavalo, com sol ou com chuva, ela não media o sacrifício para atender os mais necessitados.
  O primeiro parto que ela fez nesta cidade foi o da minha esposa, quando nasceu a minha fila Almerinda, em 26 de maio de 1938. Senti-me tão feliz que dei minha filha para ela batizar. Hoje minha filha é formada e mora em Vitória da Conquista onde exerce a profissão de professora.
   Meus caros amigos e conterrâneos gostaria eu que fosse um escritor para escrever com mais detalhes a vida da inesquecível comadre Jovina que hoje se encontra na mansão divina junto aos anjos e aos pés de Deus.
Mãe Jovina nasceu em 22/11/1904
Faleceu em 04/08/1983

Abdias Gomes da Silva
Fazenda Limeira, 20 de agosto de 1983

Ibiquera - Bahia
Cora Bastos Guedes: uma vida de amor e dedicação ao magistério


História de:  Cora Bastos Guedes
Autora: Martha Bastos Guedes 
Publicado em: 31/05/2016



  No final da década de 1940, mudava-se para Ruy Barbosa a professora Cora, com o marido Roberto, e os filhos, Zaury, Edna e Roberto Carlos. A família havia deixado Ibiaporã, vilarejo pertencente ao município de Mundo Novo, onde Cora dedica-se ao magistério particular, como preceptora de meninos e meninas, rapazes e moças, a quem alfabetizava ou complementava a instrução incipiente, naqueles tempos difíceis em que a educação era acessível a poucos.
   Formada aos dezesseis anos pelo Colégio Americano de Ponte Nova, instituição fundada às margens do Rio Utinga por missionários presbiterianos procedentes dos Estados Unidos, Cora recebeu sólida educação, aprimorada em excelentes valores morais. Em Ruy Barbosa, passou a ensinar no Grupo Escolar Carneiro Ribeiro, em caráter provisório, tornando-se efetiva logo depois, ao ser aprovada em concurso público. Criteriosa e aplicada, impôs-se a meta de acompanhar a classe que se iniciava no primeiro ano até o final do curso primário. Assim, cuidava de cada aluno com desvelo de mãe, incentivando e corrigindo. Era respeitada e temida, por não transigir com a indolência. Mas, era amada, como o atestam as manifestações de reconhecimento e carinho dos alunos, que jamais a esqueceram. Um deles, Otto Mendonça de Alencar, chegando ao alto posto de Governador do Estado da Bahia, deu a esta biblioteca o nome da antiga professora, que buscava na literatura, sobretudo na poesia, imagens que ilustrassem as aulas e levassem os discípulos a gostar de ler.
    Dois filhos lhe nasceram em Ruy Barbosa, Ruy Alberto e Martha. Perdeu tragicamente Robertinho, como era conhecido o amável adolescente entre familiares e colegas de ginásio. Triste e abatida, superou a dor pela fé cristã e pelo trabalho. Os alunos, solidários, assistiam-na. Findavam-se os anos 1950.
   Uma nova turma se formou na década seguinte. A filha, Martha, integrava a classe, que completou o curso primário em 1964. No início dos anos 1970, Cora foi transferida para o Grupo Escolar Alice Telles, onde exerceu a função de vice-diretora.
    A última etapa da vida profissional dedicou-se ao Grupo Escolar John Kennedy como diretora. Até aposentar-se, não lhe faltou entusiasmo nem amor pela educação.
   Ficou viúva, em 1986. Viu crescer os netos. Ganhou bisnetos. Reviveu os tempos de magistério nas histórias que contava.
  Em vinte e oito de novembro de 2007, aos 91 anos, faleceu.


segunda-feira, 23 de maio de 2016



Minha História de Vida




História de: Maria Nilda Moura dos Santos
Autora: Maria Nilda Moura dos Santos
Publicado em: 23/05/2016



Maria Nilda Moura dos Santos, 63 anos de idade, filha de Rafael Joaquim dos Santos e Aurita Moura dos Santos, nascida em 1º de janeiro de 1951, na fazenda de nome Capivara em Macajuba distrito de Ruy Barbosa na Bahia. Meus pais eram lavradores, e aos dois anos de idade fui para a casa de minha tia e madrinha Josefa Moura de Oliveira para tirar a mama (costume da época). Fiquei morando com ela e meu padrinho Otaviano Tomé de Souza, na fazenda São Domingos no município de Ruy Barbosa Bahia.
  Tive uma infância boa e uma escolaridade muito conturbada, estudei o ABC e a cartilha do povo nesta fazenda com uma professora leiga de nome Zaurí, contratada pela minha madrinha, a mesma morava conosco. No ABC eu lia as letras, e com um determinado tempo a professora cortava com os dedos um pedaço de papel pardo arredondado, este era colocado em cima de cada letra para que eu as identificasse. Com todos os acertos seguia para o B A BA e as palavras. Aprendi a fazer o meu nome e estudei a cartilha do povo. O primeiro ano estudei em uma escola do mosteiro de nome Jequitibá, povoado de Mundo Novo Bahia. O segundo ano, em uma fazenda de nome Oriente, e o terceiro ano na fazenda Poço Longe e residia onde estudava.
  Aos nove anos de idade vim morar na cidade de Ruy Barbosa com os meus padrinhos e aos onze anos fui morar no distrito de nome Paraíso do mesmo município. Aos quinze anos fui rainha do carnaval do Paraíso e aos dezesseis deixei os meus padrinhos e passei a morar em Ruy Barbosa com a minha avó materna e tão logo vieram meus pais e meus seis irmãos. Logo arrumei um emprego de balconista na livraria Ruy Barbosa no Beco da Cantina. Aos dezoito anos fiz um curso por correspondência no Instituto Padre Réus, fiz as provas em Wagner e Itaberaba, cidades vizinhas, dessa forma concluir o primeiro grau e ingressei no colégio estadual Professor Magalhães Neto, no qual fiz o curso básico e tão logo o magistério. Formei-me professora e o meu primeiro emprego foi numa escola privada de nome Maria Monte Sore (Escola de Loreta).
     Em 1966 casei-me com Salvador Morbeck de Souza com quem tive dois filhos, Morbênia Moura Morbeck e Leonardo Moura Santos Mobeck, os quais me deram lindos netos. Foi um grande comerciante e que muito contribuiu para o progresso social e cultural dessa terra. Falecido em 1985, daí tive outro marido, o advogado Dr.Geraldo Mendes Teixeira também já falecido.
  No ano seguinte em 1986, fiz concurso público municipal, fui aprovada e admitida no ano seguinte. Aos 50 anos de idade, fiz o curso de pedagogia com Licenciatura plena pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB. Lecionei vinte anos no ensino fundamental I e II, fui diretora, vice-diretora e coordenadora de escola de pequeno e grande porte. Desde 2013 estou coordenando a Biblioteca Municipal Professora Cora Bastos Guedes aqui em Ruy Barbosa, onde moro a mais de quarenta anos.
  Sempre gostei de ler e pesquisar. Como coordenadora da Biblioteca achei que deveria fazer algo bom que elevasse o nome da nossa cidade ao mundo. Dessa forma implantei com autorização do atual Prefeito o Senhor José Bonifácio Marques Dourado o Museu da Pessoa que é virtual mas também edita seus textos em livros com autorização dos autores. É um espaço cultural abrangente para galeria de artes, apresentação teatral e concertos musicais.